História e Cultura das Artes

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sábado, 30 de outubro de 2010

A Arquitectura Grega

A cultura grega desenvolve-se principalmente na Península do Peloponeso, nas ilhas próximas e na costa mediterrânica próxima à actual Turquia, durante o primeiro e segundo milénios a.C.
O período considerado mais importante da arquitectura grega é aquele que se desenvolve entre o séculos VII a.C. e IV a.C.
A arquitectura helénica fez nascer vários tipos de construções, entre estas estavam as casa de habitação, teatros, palestras, ginásios, pórticos, no entanto esta arquitectura concentra-se na construção direccionada ao tema religioso, os templos, estes monumentos estabeleceram os princípios construtivos, técnicos e estéticos que serviram de exemplo para os restantes edifícios. Esses princípios nasceram da uma permanente pesquisa matemática, mecânica, física e geométrica o que demonstra o espírito racional e científico dos Gregos na procura de soluções ideais, dessa árdua pesquisa recolheram as primeiras noções de medida, proporção, composição e ritmo pelas quais qualquer concretização plástica se deveria reger.
De entre a prática e a teoria nasceram as ordens arquitectónicas, medidas e relações ente todos os elementos construtivos, a forma desses elementos e a decoração que comportavam (relevos, estatuária e pinturas) tornando a arquitectura um exercício racional e científico.
Inicialmente a construção dos templos é feita em madeira, no entanto, na época clássica, os Gregos constoem os seus templos em pedra, geralmente mármore, seguindo o sentido trilítico, e obedecendo a uma planta tipo, rectangular e períptra, cuja origem resulta da evolução do mégaron ou sala do trono dos palácios micénicos.
Planta tipo de um templo Grego:




1- Pronaos : espécie de pórtico de entrada no templo;
2- Cella ou Naos: sala onde se guardava a estátua do Deus
3- Opistodómus: compartimento do alçado posterior do templo onde se guardavam as ofertas feitas ao Deus e outros objectos de valor
4- Peristilo (ou perístases): corredor coberto que circunda exteriormente o templo

As regras de construção dos templos gregos variavam entre as formas e dimensões da ordem dórica e da ordem jónica.
A ordem dórica é a ordem mais antiga, tendo sido originada no continente grego, durante a época arcaica, cerca de 600 a. C. Estes templos possuem proporções robustas e uma decoração sóbria, precisamente geométrica, o que lhes atribui um aspecto maciço e pesado que tem sido associado ao espírito masculino e guerreiro dos Dóricos, o povo que a inventou. Contudo a ordem, simetria e equilíbrio atribuiu a esta ordem uma sensação ilusória de deformação óptica aquando do vislumbramento dos templos. Estudando-os meticulosamente os historiadores actuais encontraram estas deformações que desvirtuavam a perfeição destes templos, no entanto os arquitectos gregos souberam corrigir estas deformações matematicamente, de modo a que o observados distinga o templo como absolutamente regular.




Nascida na época arcaica, a ordem dórica sofreu uma significativa evolução na passagem para a época clássica: as proporções adelgaçaram-se, o capitel tornou-se mais geométrico e as métopas anteriormente lisas, passaram a ter uma decoração escultórica. Estas alterações conferiram uma maior elegância aos templos desta ordem.

sábado, 23 de outubro de 2010

Batalha de Salamina

Batalha naval que opôs a frota persa, liderada por Xerxes, à grega, comandada por Temístocles. O acontecimento deu-se no estreito que separa Salamina da Ática, no mês de Setembro de 480 a.C.
Após as vitórias na Tessália e em Termópilas, a devastação da Beócia e da Ática, o rei persa Xerxes entrou em Atenas, destruindo inclusivamente os monumentos da Acrópole, desenvolvendo aquela que ficou conhecida pela Segunda Guerra Médica.
Enquanto os coríntios e os espartanos defendiam uma aglomeração militar no Istmo, Temístocles concentra a frota de 200 embarcações (trirremes) na baía de Salamina, enfrentando a frota persa, que, apesar do seu maior número, tinha dificuldades evidentes de maneabilidade no espaço exíguo do estreito, pelo que é completamente derrotada pelos gregos.





domingo, 17 de outubro de 2010

Aristóteles foi um filósofo grego, aluno e seguidor de Platão. É visto como uma das figuras mais importantes e um dos fundadores da filosofia ocidental.
Ao longo da sua vida escreveu acerca de vários assuntos, como a física, a metafísica, a poesia, o teatro, a música, a lógica, a retórica, o governo, a ética, a biologia e a zoologia.
O pensamento de Aristóteles poderia ser representado pelo que se segue:
 . A sensação. -- O conhecimento começa para Aristóteles com as simples percepções sensíveis. Estas são pequenas alterações que um organismo sofre devido à entrada de uma informação que vem do exterior. Nem todos os seres têm a capacidade de receber estas informações. Os  minerais, por exemplo, não a têm. Esta capacidade já marca a diferença entre seres mais simples e mais complexos.
2. A memória. -- Porém, diz Aristóteles, entre os seres capazes de receber informações sensíveis, há alguns capazes de retê-las, e outros não. Por exemplo, a ameba não tem memória, mas o mosquito já tem. Então, a memória significa a capacidade de se repetir a mesma informação na ausência do estímulo. Ou seja, se na primeira vez o estímulo veio de fora do organismo, da segunda vez o organismo mesmo produ-lo, de maneira atenuada. Entre os animais que não têm memória e os que têm existe um salto de complexidade e qualidade, similar àquele que existe entre os seres que não têm percepções sensíveis e aqueles que as têm. Já temos um duplo salto: os insensíveis e os sensíveis, e de entre estes, os que são dotados de memória.
3. A experiência. -- Dentre os seres dotados de memória, alguns são capazes do conhecimento por experiência. O que é isto? É um princípio de generalização em que, de várias experiências iguais, se conclui uma regra mais ou menos comum. Vemos que um gato tem memória. Podemos vê-lo repetir certos circuitos de acções; porém ele não tem a mesma capacidade de aprender por experiência que tem um cão. Quem já tentou ensinar aos dois, observou que no caso do gato isto é quase impossível. O gato não consegue generalizar - fazer dos casos individuais uma regra -- com a mesma facilidade do cão. E de entre os animais dotados de experiência, o que a tem em maior grau é o homem.
Resumindo os vários saltos até agora: insensível -> sensível -> memória -> experiência.
4. A técnica. -- Porém, a experiência e o conhecimento por experiência dão-se exclusivamente dentro de um organismo individual. Eu tenho as minhas sensações, tenho a memória e, a partir desta, concebo a minha experiência e crio uma série de circuitos repetíveis que me permitem reagir de maneira similar em situações similares. No entanto, o homem tem algo mais do que isto. Ele não tem apenas a experiência, mas pode resumi-la e transmiti-la a quem não a teve. Isto já é o que se chama técnica. Bismarck diz que só os imbecis aprendem com a experiência. "Eu aprendo com a experiência alheia". Técnica é exactamente isto: um conjunto de preceitos que permite aprender com a experiência alheia e transmiti-la a outros, sem que se tenha de passar por ela. É obviamente isto que já caracteriza o homem.
Depois da experiência, vem então a técnica que é experiência condensada, resumida e distribuída socialmente. O indivíduo que pode aprender pela técnica tem um salto de velocidade e eficácia imenso em relação àquele que só tem a experiência. Com a técnica, começa o mundo da cultura e começa o mundo propriamente humano.
5. A ciência. -- Depois da técnica, ainda há mais um salto. A técnica é apenas uma codificação das experiências repetidas. Além disso, temos uma forma mais condensada, mais eficiente e mais profunda de conhecimento. É o que Aristóteles chama “epistemê”, que traduzimos normalmente por "ciência". É onde não somente se conhece e sistematiza o circuito das experiências repetíveis, mas se encontram os princípios que fundamentam a repetição das experiências. Desde o conhecimento pelos sentidos até a “epistemê”, no topo da pirâmide, existe um processo de simplificação e coerenciação cada vez mais abrangente. Ou seja: as experiências sensíveis são muitas, mas dão-nos relativamente pouco conhecimento útil; a memória já resume isto e repete umas quantas informações significativas; de estas, a experiência abole as repetições e conserva apenas os esquemas úteis; estes, na técnica, são simplificados e codificados de maneira a poder ser transmitidos, o que aumenta barbaramente a eficácia da acção humana. Finalmente, na “epistemê” ou ciência, dois ou três princípios científicos que sejam encontrados permitem abarcar uma multidão de conhecimentos organizada, coesa e eficientemente. De modo a que o conhecimento se escalona numa pirâmide cujos vários estratos são inseparáveis. Se saltar um, não tem o seguinte. Não se pode dizer: "Este conhecimento aqui é superior, podemos abandonar o inferior". Não - ele é superior porque tem o inferior a baixo. O tijolo de cima cai, se não houver o tijolo de baixo. Esta hierarquia tem um sentido orgânico incessável. Os vários estratos são logicamente distinguíveis, mas não são realmente separáveis.
6. A sabedoria. -- A escalada poderia parar por aqui, e já teríamos reparado na solidez da esfera cognitiva no homem em geral. No entanto, Aristóteles admite que o homem ainda possa subir mais um degrau, elevando-se do conhecimento dos princípios que estruturam o mundo da experiência ao conhecimento dos princípios universais, princípios de todos os princípios. A isto corresponde um novo "órgão cognitivo, “o núus”, "espírito", órgão da sabedoria.
Porém, Aristóteles insiste que a sabedoria é própria somente de Deus, e que para o homem ela é antes um ideal realizado de maneira precária e parcial do que uma posse efectiva. Por isto, ele hesitará muitas vezes ao assinalar uma denominação para a ciência correspondente a este estrato. A denominação "metafísica" é de Andrônico de Rodes, e embora ela seja adequada sob muitos pontos de vista, Aristóteles não usa esse nome. Usando por vezes "filosofia primeira", ou "teologia", e às vezes, olhem que coisa significativa, "a ciência que procuramos". Que procuramos, precisamente, porque não a possuímos. Por isto, no esquema da escala do conhecimento segundo Aristóteles, é justo incluir ou excluir o sexto estrato, a sabedoria, porque ela pertence à estrutura do homem como um ideal, mas não lhe pertence como posse efetiva.